10 de nov. de 2012

Essa não é uma história de amor

A primeira vez que ouvi falar do filme Ruby Sparks foi dias antes do lançamento no Festival do Rio, quando uma amiga disse no twitter que queria ver "o nascimento de um novo objeto de idolatria hipster". Se você é hipster ou se já viu (500) Dias Com Ela, sabe do que ela estava falando. Aliás, por me lembrar tanto "500" que eu decidi assistír. Agora já faz um mês que eu o vi, e ele sempre volta à minha mente, então pode-se dizer que me marcou de alguma forma. Foi um filme bem divertido, mas o tempo todo fiquei preocupada com um determinado aspecto dele. E me pergunto, então: por que existem Manic Pixie Dream Girls?

20 de out. de 2012

Walking down some cobbled street

Faltavam 10 minutos para meia-noite e meu aniversário, era mais uma sexta que acabava e eu não estava me divertindo como imaginei até então. Caminhava rapidamente, queria chegar antes que o dia mudasse graças a uma sensação de que somente ali conseguiria estar segura. Foi durante esses passos que eu comecei a recapitular tudo que tinha acontecido até então, algo típico de aniversários. Foi olhando para trás que eu queria apressar o futuro instante de chegar.
É engraçado pensar nos seus aniversários anteriores. Finalmente ter 18 anos foi uma das melhores sensações da minha vida e tudo que eu queria era comemorar, e comemorar, e comemorar mais um pouco. Queria baladas, festas, agito, ou seja lá como os jovens chamam hoje em dia. Mas nada disso aconteceu, e tudo foi mais do mesmo. Foi divertido, sempre é com os amigos que eu tenho, porém eu sentia como se agora finalmente pudesse abraçar o mundo inteiro e estivesse deixando a chance passar. Eu não queria deixar a minha juventude de lado. Durante tantos aniversários eu havia imaginado esse dia de liberdade, mas só conseguia perceber que ainda não era realmente livre. E os 18 passaram.
Em um ano tanta coisa aconteceu que parece que passou pelo menos o dobro de tempo desde então. Eu passei a fazer as coisas que tão ansiava nessa nova fase da minha vida. Besteira tentar enumerar tudo aqui, mas eu sentia como se estivesse vivendo. As novas experiências queimavam dentro de mim, combustível para uma intensidade nova e maravilhosa. Claro que não vi e vivi tudo que o mundo oferece, mas era como se fosse assim; Só que com o tempo, o fogo foi apagando. Nada era realmente novo, sempre mais do mesmo, e isso passou a me cansar. Comecei a imaginar os próximos 5 anos, pensei se seria tudo assim. Afinal, eu era jovem, eu podia e queria fazer as coisas de jovens, mas isso começou a me irritar profundamente. Eu tinha fome, eu precisava do combustível, mas o que tinha a minha disposição já não mais servia.
Finalmente comecei a me sentir velha. Acredito ser uma crise do tipo "Os 20 estão logo aí e o que você fez da sua vida?", mas ela não parece que vai embora tão cedo. Meu aniversário de 19 anos prometia ser o mais diferente e empolgante até então, mas no fundo isso não me empolgava. O melhor presente nesse momento teria sido poder olhar o futuro e ver se aquilo que eu estava construindo estava certo, ou se ao menos eu tinha um futuro. Todos esses pensamentos cruzavam minha cabeça nos poucos minutos da caminhada mais exaustiva que eu tive. Meia-noite, eu chegava no meu destino e já recebia meu primeiro parabéns. Acredito que pela primeira vez, ele não foi do meu pai ou da minha mãe, e devido às circunstâncias, isso só piora o estado das coisas.
Era meia-noite e eu finalmente estava em casa, e me sentia mais velha do que deveria.

26 de set. de 2012

Frankly, my dear...

"My darling, you're such a child. You think that by saying, "I'm sorry," all the past can be corrected."
O Vento Levou sempre foi um dos meus filmes favoritos. Tudo começou à força na verdade, com longas 4 horas sendo obrigada a fazer companhia para minhas avós enquanto elas viam de novo, de novo e de novo. Pobre criança que não sabia aproveitar enquanto tinha, mas isso é assunto para outro post... bem, será mesmo? Enfim, acabei me apaixonando pelo filme, mas muito mais pela personalidade da Scarlett O'Hara. Ela é um exemplo de mulher forte para mim, e assim dá pra ter uma idéia dos valores que eu absorvi na infância. Mas Scarlett tem seu valor, ela só não é a clássica heroína boazinha. Mas não é disso que eu queria falar.
Sempre achei o final, apesar de incrível e original para uma menina que só tinha visto contos de fada até então, um pouco decepcionante também. Oras, a Scarlett abriu seu coração para o Rhett, eles se amavam, porque eles não podiam resolver sua vida e ficar juntos? Qual era a dificuldade? E uma imagem que não sei porque razão, já que não está presente no diálogo original, mas está associada a essa cena pra mim é do Rhett falar em vasos quebrados. Provavelmente eu só sonhei com isso ou li errado a legenda, mas sempre foi importante pra mim. Durante todo esse tempo eu achei idiota você dizer que não pode consertar um vaso, porque vasos podem ser colados. Pra mim, o passado podia sim ser consertado.
Mas hoje eu vejo que não, Rhett estava certo. Desculpas não mudam o que passou. Um vaso quebrado pode ser colado, mas as linhas dos cortes antigos vão estar sempre lá, grosseiramente apontando que um dia aquilo se despedaçou. A cola sempre vai ser uma lembrança de um remendo, e o vaso claramente não tem o mesmo valor de antes. 
Então pra quê o esforço de colocar tudo no lugar se não será a mesma coisa? 
Eu estou numa política agora de não me desculpar.
Talvez eu reconheça minha culpa, mas não do que eu disser vai colocar os cacos exatamente em seu lugar.
E é preciso viver com isso.

2 de set. de 2012

Questão de centímetros, digo, princípios.

Uma verdadeira crise existencial tem me perseguido nos últimos meses. Fiquei todo esse tempo diante da dúvida, sem saber o que fazer. Até onde a minha alma feminina me levaria contra a razão e o bom senso? Que poder é esse que a sociedade tanto exerce sobre nós? Pois bem, resolvi me abrir sobre esse problema, talvez haja luz no final do túnel para mim. Talvez, dividindo isso aqui, eu encontre a paz que fez questão de me abandonar desde aquele fatídico dia. O dia em que eu conheci os malditos sneakers com salto.
Não ria. É sério.
Antes que algum querido leitor - talvez o único - resolva fechar essa página e me achar mais uma louca-fashion-victim-consumista-capitalista, prometo que tentarei tirar algum conteúdo relevante disso tudo. Ou não, mas farei com que o relato seja ao menos interessante.
Pra quem não conhece, eis os malditos.

26 de ago. de 2012

Hunger Games. Ou quase isso.

Realmente, quantos jovens iludidos continuarão achando que sabem tudo enquanto jovens? Não que eu esteja velha, apesar de me sentir uma anciã sem rugas vez ou outra, mas posso dizer que fui uma desses espécimes. Deveria sentir um pouco de orgulho por isso, tenho certeza agora que fui uma adolescente ingênua. E apesar de ter tantas vezes parado e dito para mim mesma "Você não se conhece" eu agi tanto como se conhecesse. E agora, que não sei mais se posso me considerar adolescente prestes a completar 19 anos, mesmo que ainda me comporte como uma, tenho consciência de mais esse pequeno fato oculto sobre mim e sobre a vida. Pelo menos posso ter ser certeza que mesmo com a idade (!), nunca vou parar de ter essas pequenas epifanias sobre a beleza da realidade.
Acho que posso comparar a vida com a nutrição do ser humano. Não ria, estou falando sério. Pensa bem, precisamos de coisas que alimentem a nossa existência assim como precisamos de alimentos para nosso corpo. Tem coisas que servem como alimento, como alface, e tem coisas que não, como pedra. Tudo bem, eu também não acredito muito que alface seja comestível, mas tem gente que come não é? Se bem que tem gente que come pedra também... Mas não é o ponto. A verdade é que na nossa vida, também tem coisas que nos preenche e coisas que não. Da mesma forma que tem maluco que come pedra, a gente até pode tentar preencher nosso vazio com raiva, mas acho que o resultado não é muito útil. E a menos que pedras matem a fome e tenham poucas calorias, não simpatizo muito com elas.
A questão é que eu tento preencher minha vida com coisas boas. Uma família disfuncional como todas, mas que até amo de vez em quando; um gato gordo; um plano de carreira como jornalista; amigos lindos e maravilhosos. Só que de vez em quando os parentes resolvem brigar, meu gato me arranha, desilusões com a faculdade e (a falta de) estágios, e minha incapacidade de manter laços de amizade estáveis com todos ao mesmo tempo dificultam a minha vida. Eu recorro a uma internet sem nada de útil, sonhos vazios, guias de Paris, baladas repetitivas e até um pouco de álcool para tentar preencher meu vazio. Só que quando acaba e eu deito na minha cama, o vazio continua lá. E minha fome aumenta.
Então eu percebi que, assim como precisamos de todos os nutrientes na nossa alimentação, também precisamos da quantidade certa de cada coisa em nossa vida para completá-la. Não adianta tentar conter a falta de proteínas com carboidratos a mais. Assim como não podemos resolver problemas com a família através do trabalho. Tudo é essencial, e assim eu percebi porque meu vazio continua apesar de ter todo o resto em excesso. Falta amor. Não amor de pai e mãe ou amor de amigos, mas o amor de uma verdadeira paixão. Enquanto eu perdia tempo com paixonites fugazes que não saem do papel e choro com filmes românticos sem finais felizes, lá no fundo eu negava isso. Mas não mais. E talvez eu nunca me imaginaria dizendo isso há 7 anos, mas eu sinto fome de amor.

16 de ago. de 2012

It always sounds like they're fightin'

Boa parte da população mundial sente uma energia misteriosa ligando-os ao mar. É um dos famosos clichês da humanidade, mas um clichê verdadeiro. Imagino que essa ligação seja diferente para cada um, e por isso mesmo especial. Pelo menos, sei que a minha é. Nesse caso tenho sorte de morar no Rio de Janeiro e estar cercada de água por todos os lados todos os dias. Gosto de contemplar aquele azul indefinido nos meus caminhos diários, deixar me afogar naquela água através dos vidros sujos de ônibus enquanto toca alguma música melancólica ao fundo. Ou então sentir a maresia trazendo canções doces e dias felizes com a areia me mantendo firme enquanto sinto o gélido toque na pele quente. O mar nunca está igual, assim como nunca me sinto igual diante dele. Recordações boas e ruins, experiências emocionantes ou devastadores, sensações novas e velhas. Tudo menos indiferença.
Mas há dias que sou especialmente agraciada pelos deuses marinhos com meus momentos favoritos diante dessa imensidão azul. Gosto especialmente dos dias feios, tristes, cinzentos, e se estiver chovendo ainda melhor. Gosto de ver a ressaca, a espuma das ondas se espalhando por metros e metros. Mas não apenas isso. Gosto de ver a água se mover contra as pedras, como em uma guerra de titãs, guerra simbólica para essa menina que ama o mar e tem pavor de rochas.
Ainda mais raramente tenho a sorte de que esses dias ocorram justamente quando preciso ir da Barra ao Leblon ou vice-versa. Teria mais sorte ainda se engarrafamentos acontecessem nesses dias, para ter mais do que os 15 minutos antes de chegar à civilização. Pois antes estava perdida, mergulhada. Enquanto atravesso o Elevado do Joá ou então luto contra meu medo nas perigosas curvas da Av. Niemeyer, olho para baixo e vejo as rochas, minhas cruéis inimigas sendo castigadas pela força do mar revolto. Mas também me vejo caindo e sendo aniquilada no meio da batalha, meu corpo boiando naquela fria água cinza. Um misto de admiração e medo tomam conta de mim durante esses quinze minutos antes de chegar ao Vidigal ou descer o elevado rumo a Av. das Américas. Quinze minutos à deriva.

25 de jun. de 2012

Minhas "Madeleines"

Acho que uma das coisas mais interessantes do ser humano é sua capacidade de se relacionar com a comida. Enquanto para os outros seres, o alimento é apenas alimento mesmo, meio de subsistência, para nós, ele guarda prazer, experiências e memória. Proust e suas madeleines mergulhadas no chá já imortalizaram essa sensação única. Comigo então, que sou uma gulosa de carteirinha, essa relação ainda é mais presente.

16 de mai. de 2012

O complexo da "Era de Ouro"

Fiqui apaixonada por "Meia-Noite Em Paris" mesmo vendo na primeira fileira do cinema com a cabeça inclinada 90º para trás. Uma semana depois voltei para rever. É certamente um dos meus filmes favoritos de um dos meus cineastas favoritos. Muito já foi dito sobre o filme, ainda mais depois que concorreu ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor, e ganhou o merecido Oscar de Melhor Roteiro Original. Mas revendo-o hoje, percebi que o principal do filme foi, talvez, o mais esquecido. Pararam para apreciar tantos detalhes dessa obra-prima que não entenderam a crítica que Woody Allen fez questão de expressar com todas as palavras. E é disso que venho falar.

15 de abr. de 2012

Festivais valem a pena?

A galera no Lollapalooza Brasil
 Enquanto a edição brasileira do Lollapalooza se passou faz uma semana e o Coachella acontece em dois finais de semana na Califórnia e pode ser visto pelo mundo todo via YouTube, achei apropriado esse post. Pensei em fazer uma resenha do Lollapalooza, mas não achei necessário mais uma. Foi o terceiro festival que participo, e até agora nunca sei se fico feliz ou triste cada vez que anunciam (mais um) festival no Brasil.

Festivais são maravilhosos pelo ponto de vista financeiro: você paga um pouco mais que o preço de um ingresso de show normal para ver vários shows. Na verdade, eu deveria parar por aqui, porque esse seria motivo suficiente para amar um bom festival. Outro bom motivo é a possibilidade de conhecer bandas novas enquanto espera por algum show. Porém festivais são bem mais complexos do que isso.

1, 2, 3, testando...

Então acho que o Ponta Fina ficou pronto. Faz tanto tempo que não faço um blog de verdade (nada de twitter ou tumblr) que demorou um pouco pra pegar o jeito novamente. Mas eu gosto disso, um espaço que eu possa escrever o que der na telha. Acho que agora vou falar menos sozinha e passar a escrever mais. E vamos ao que interessa...