25 de jun. de 2012

Minhas "Madeleines"

Acho que uma das coisas mais interessantes do ser humano é sua capacidade de se relacionar com a comida. Enquanto para os outros seres, o alimento é apenas alimento mesmo, meio de subsistência, para nós, ele guarda prazer, experiências e memória. Proust e suas madeleines mergulhadas no chá já imortalizaram essa sensação única. Comigo então, que sou uma gulosa de carteirinha, essa relação ainda é mais presente.


Nesses dias de nostalgia que eu vivo, qualquer pedacinho de comida me lembra algo da minha vida. Ir ao bar que fica ao lado do meu antigo colégio e pedir o prato feito de sempre tem gostinho daqueles almoços pré-aulas de tarde. Posso lembrar de cada aniversário meu só pela guloseima escolhida pela minha mãe para me acordar de manhã: um ano foi profiteroles com sorvete, outro ano foi waffles, ano retrasado foi um cupcake... E por falar em aniversários, como esquecer do Outback, que acaba sendo a minha opção para ir com meus amigos todo ano? E não só no meu aniversário, como em outros encontros informais. Assim como rodízio de pizza da Parmê sempre me lembra aniversários dos meus amigos. Ou então algo mais simples, como comprar biscoitos diversos nas Lojas Americanas e levar escondido pro cinema. São pequenas coisas que agora, quando faço, sempre me trazem essas lembranças. Algumas comidas trazem à tona memórias ainda mais antigas. Minha avó paterna costumava fazer um cuscuz de arroz maravilhoso, que eu comia sempre que ia na casa dela. Agora, ainda mais com a dificuldade de convencer meu pai à fazê-lo, cada vez que como é um evento especial. Assim como comidas de datas especiais: Natal sem rabanada feita com a minha vó materna não é Natal, assim como aniversário dela sem gnocchi também é algo imperdoável, já que cai num dia 29.

Mas, acredito que de todas as comidas do universo, a que mais recheia minha boca com recordações mais do que com sabor é o sonho. Não bastasse o nome, essa iguaria divina de padaria me lembra cada momento da minha infância, em que foi meu doce preferido e eu não conseguia ver um padeiro sem querer comer um. Pior ainda é quando como sonho da padaria Fidalga, na Tijuca. Isso me lembra os tempos de ir passear na Praça Saens Peña com a minha avó, aqueles dias tão divertidos em que eu engordava uns quilos, porque além de sonho tinha pizza brotinho. Dias esses que não devem mais voltar, já que agora minha avó mal pode sair de casa. Agora cada sonho que eu como lá vem recheado também de melancolia.

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