15 de abr. de 2012

Festivais valem a pena?

A galera no Lollapalooza Brasil
 Enquanto a edição brasileira do Lollapalooza se passou faz uma semana e o Coachella acontece em dois finais de semana na Califórnia e pode ser visto pelo mundo todo via YouTube, achei apropriado esse post. Pensei em fazer uma resenha do Lollapalooza, mas não achei necessário mais uma. Foi o terceiro festival que participo, e até agora nunca sei se fico feliz ou triste cada vez que anunciam (mais um) festival no Brasil.

Festivais são maravilhosos pelo ponto de vista financeiro: você paga um pouco mais que o preço de um ingresso de show normal para ver vários shows. Na verdade, eu deveria parar por aqui, porque esse seria motivo suficiente para amar um bom festival. Outro bom motivo é a possibilidade de conhecer bandas novas enquanto espera por algum show. Porém festivais são bem mais complexos do que isso.

Shows solo tem público em torno de 4-10 mil pessoas, com exceção de mega shows em estádios de futebol. Um festival tem que suportar até 100 mil pessoas por dia, como foi o último Rock In Rio. Por maior que seja o espaço, sempre vai estar cheio demais, com poucas lanchonetes e banheiros. É um tumulto muito maior. Outra vantagem das apresentações individuais é a possibilidade de um show maior. Em festivais, só os headliners podem dispor de mais de 1h de apresentação.

Esses problemas para quem quer ver vários artistas não são expressivos, mas ir a um festival por causa de uma ou poucas atrações não é vantagem. Imagina passar o dia espremido entre, pelo menos, 50 mil pessoas, ter dificuldade para se alimentar, ir ao banheiro e se locomover por causa de um único show? Desculpa, mas preferia um show solo.

Fora que, no Brasil, os problemas se multiplicam. Dos três festivais que eu fui, só o Lollapalooza foi bem organizado. O Rock In Rio foi uma piada desde line-up muito mal feito à Cidade do Rock que não comportava tanta gente. O Planeta Terra teve um line-up excelente, porém, anunciaram apenas três bandas antes começar a venda, sendo que uma delas - The Strokes - foi responsável por esgotar 20 mil ingressos em poucas horas. Um festival cheio de bandas boas se transformou em Planeta Strokes. Fora os problemas de estrutura, feita para um festival muito menos concorrido do que foi. Nunca fui ao SWU, justamente por não achar nada prático num país onde é quase impossível se locomover dentro de metrópoles quando ocorrem eventos desse porte, resolver fazer algo assim no interior.

Não sou contra os festivais no Brasil, pelo contrário. No começo sempre vai ter dificuldades e é natural que se erre até que comece a acertar. É legal principalmente por divulgar as bandas e ser econômico. O problema é que os fãs não estão tendo opções. Enquanto nos Estados Unidos ou na Europa pode-se optar por ver apenas uma banda em show próprio ou ir ao festival - ou até mesmo os dois se quiser (e puder) aproveitar ao máximo, é cada vez mais comum aqui que as bandas tenham um contrato de exclusividade e não possam fazer outros shows. Isso obriga os fãs a irem nos festivais, por mais que não queiram. Aliás, os principais festivais são realizados em São Paulo, e a falta de outros shows obriga você a viajar para poder ver sua banda favorita. Se pelo menos passagens de avião e hotel fossem mais baratos...

Agora sempre que vão anunciar algum line-up, pelo bem da minha sanidade física e mental, torço para não ter nada que eu goste.

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