21 de jun. de 2013

Imaginem 49 anos depois

Não vivi durante a ditadura no Brasil, óbvio. Meus pais não foram militantes políticos, eram novos demais e classe média demais. Minha família definitivamente não se posicionou politicamente em nenhum momento, afinal, para eles, era só mais um governo e melhor era aquele que mantinha melhor a ordem e os "bons costumes". Tudo que eu sei partiu da escola e da mídia, o que, hoje em dia, sei que não foi a melhor forma de aprender a "verdade". Algumas coisas aos poucos chegam mais claras, mas ainda assim...
E 49 anos depois do fatídico golpe, porque estaríamos revivendo-o tão intensamente agora? A democracia nunca esteve tão em alta, certo? As manifestações que vivemos são a prova disso. A população cansou de toda a corrupção da política brasileira. Milhares vão às ruas para defender seus direitos mais básicos de forma pacífica. A minoria que vandaliza o movimento é, felizmente, uma minoria. Nada poderia ser mais diferente de 64, certo? Bem...
São centenas de milhares que vão às ruas protestar, mas pelo o que? Era o aumento da passagem, que já foi revogado. Mas mesmo antes disso, a pluralidade de vozes já era grande. Vamos protestar pelo simples fato de protestar e mostrar que o povo brasileiro não é mais acomodado. Fazemos passeata pelo fim da corrupção, sendo que somos todos, em maior ou menor grau, corruptos. Você acha idiota os heróis de quadrinhos que combatem "o mal" porque esse seria um objetivo impossível de ser alcançado? Pois é, a mesma coisa com a corrupção. São tantas reivindicações paralelas que seria impossível o governo, em tempo hábil, atendê-las: fim da PEC 37, passe livre, fim do projeto da cura gay, aplicar os gastos da Copa na saúde e na educação, fim da corrupção e, pasmem, até mesmo um cartaz pelo fim da privatização da água eu vi.
Dessa forma, não há como satisfazer os manifestantes e os protestos irão continuar. Cada vez maiores. E cada vez mais violentos, pois os oportunistas são muitos. Estamos caminhando rapidamente para um estado de caos generalizado, podemos dizer até mesmo guerra civil, por que não? Afinal, que nome você daria para   a situação do centro do Rio ontem, onde vândalos quebravam e saqueavam tudo ao mesmo tempo em que a polícia tacava bombas e atirava em pessoas que nada tinham a ver com a manifestação. Como resolver isso, se não é possível impedir os protestos? 
Agora, imaginem uma população aterrorizada e um governo, de certa forma, incapaz de ampará-la. Imaginem  que, "de repente", surge um grupo de pessoas que não fazem parte do governo e que se dizem capazes de controlar essa situação, provavelmente por serem militares ou terem apoio de formas armadas legítimas. Imaginem essa população disposta a abrir mão de direitos civis básicos para poder voltar a ter paz. Imaginem um golpe de estado. Imaginem uma ditadura. Imaginem 64.

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